terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Minha autobiografia

Autobiografia apresentada na Universidade de Brasília - UnB
Faculdade de Educação – FE
Disciplina: História da Educação Brasileira
Professor Dr.: Paulo Ramos Coelho Filho
Período: 2º/2008
Data: 19 de novembro de 2008
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A minha história de vida começou quando meu pai cearense casou-se com minha mãe goiana e vieram morar em Brasília. Minha mãe fazia Curso Técnico de Enfermagem quando engravidou de mim. Na época os planos dela não era engravida, mas sim, terminar o Curso e depois fazer Enfermagem, porém quando eu nasci ela não quis continuar estudando e passou a dedicar a sua vida à mim. Nasci aqui em Brasília no dia 08 de janeiro de 1988, dentre os meus irmãos Silas (18 anos) e Thalyta (14 anos) eu sou a filha mais velha.
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Lembro de duas histórias muito interessantes e marcantes para mim que minha mãe me contou. A primeira foi quando ela estava grávida de mim, por volta dos 8 meses; Na época do Natal como em todos os outros anos ela montou a árvore de natal na sala de casa que ficou montada até o ano seguinte quando desmontaria. Meu nascimento era pra ter sido em fevereiro, mas quando minha mãe foi desmontar a árvore de Natal caiu do banquinho e a “bolsa” rompeu. Meu pai a levou para o Hospital, onde teve que ser feita uma cesariana de urgência, porque como não estava na época de nascer eu não havia “virado” e quase morri no parto. A segunda história marcante foi que minha mãe sofreu um acidente doméstico quando era adolescente, queimou parte da coxa direita com fogo e ficou com uma grande cicatriz. Quando ela estava grávida de mim, meu pai ficava “jogando praga” dizendo que eu ia nascer com aquela mancha na perna igual à dela. E depois de 8 meses dizendo isso, eu nasci com a mesma mancha, na mesma perna, do mesmo jeito da que minha mãe tem e isso é verdadeiramente uma marca na minha vida até hoje.
Tanto minha mãe quanto meu pai foram criados de uma forma muito simples e rural, acho que é por isso que fui educada também de uma forma simples e caseira. Desde que nasci minha mãe me educou juntamente com meus avôs maternos que moram até hoje no campo, ela dedicou parte inteira de sua vida pra mim, até meu irmão mais velho nascer. Desde então passei a freqüentar a escola, minha mãe ficava em casa com meu irmão e meu pai assumiu o papel de me levar e trazer da escola, acompanhar meus deveres de casa, ir às reuniões, então ele passou a me educar.
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Entrei na escola com dois anos de idade, pois como minha mãe e meu pai tinham que trabalhar me deixavam numa escolinha. Nessa época nós morávamos no Gama-DF, onde ou fiz o Jardim I e Jardim II. Quando tinha 4 anos de idade fomos morar em São Sebastião (nossa atual cidade). Fiz o Jardim III, numa escolinha chamada Irmão Constantino e da Pré-escola à 2º série estudei no “CEPROM”, até então eram escolinhas da própria cidade onde morávamos. Sempre minha mãe e meu pai me acompanharam de perto nos estudos, fazia dever de casa comigo, ia a escola conversar com as professoras etc, eu era o orgulho dos meus pais e comecei a 1º série do fundamental um ano adiantada. Na 3º série fui para um colégio particular, religioso e muito grande chamado Santa Rosa (L2 Sul), passei por uma experiência com as freiras do colégio, onde tinha um ritual toda manhã na entrada da hora cívica e fazer algumas rezas, pra falar a verdade não entendia muito bem o que significava aquilo todo dia, mas já tinha me acostumado. Foi lá que tive a primeira e única reprovação da minha vida escolar, digo que devo a minha reprovação por ter entrado adiantada na escola, e pelo fato de ter ido para uma escola bem rígida que não consegui acompanhar o ensino “puxado”. Por um lado eu vi que foi melhor mesmo ter repetido uma série, pois não me sentia preparada para uma série mais adiantada, mas também foi a única reprovação, não considero que reprovei e sim, fiquei na série certa e na idade certa.
Depois dessa reprovação nunca mais estudei em colégio particular. Terminei até a 4º série na “Escola Classe 102 Sul”, depois fui para o “Centro de Ensino Fundamental 03 de Brasília” uma escola inesquecível onde conquistei grandes amigo que tenho e por lá eu passei 4 ano escolar (de 5º a 8º). Hoje fazendo essa autobiografia lembrei dos meus professores nesta escola, eles sem sabe me motivaram e me inspiraram a escolher o curso que faço hoje; lembro do último dia de aula quando fui buscar meu boletim, eu virei para duas professoras muitíssimo importante pra mim (Magda e Renata) e disse: “Um dia ainda vou voltar aqui formada (Graduação) e vocês verão os frutos que semearam em minha vida”, preciso voltar lá para revê-las. Não queria me separar dos meus amigos que tiveram grandes influencias na minha vida, mas tinha que estudar numa escola mais perto de casa. Fui para o CEL – “Centro Educacional do Lago” e lá, durante três anos (Ensino Médio) foi o tempo suficiente para formar novos amigos e amigas, conquistar os professores, expandir meus conhecimentos e se tornar muito conhecida na escola. Considero que esses três últimos anos foram os melhores da minha vida. Aprendi com meus professores o amor pela profissão, pelos alunos, pela vida por tudo, eu era muito próxima deles. Chorei tanto no dia da formatura... Queria que esse tempo não passasse. Devo muito aos meus professores e educadores, a saudade que tenho deles é a maior prova de que o passado valeu a pena.
Meu Ensino Médio não foi um dos melhores, ia pra escola só pra ver os amigos e tirava nota só pra passar de ano. Apesar de sempre gostar dos meus professores, não me importava em matar aula. No Ensino Médio fiz as três etapas do PAS, mas não tinha como um objetivo, ali estudando, passar na UnB. Foi só apenas quando terminei o Ensino Médio que percebi que tinha que fazer alguma coisa, mas não sabia o que. Pensei em fazer concurso público, em arrumar um emprego qualquer, mas nunca pensava em fazer vestibular. Pra mim se não passei pela PAS também não ia passar em mais nenhum outro. Quando já estava pensando em desistir de UnB minha mãe e meu pai, como sempre, chegam com a carteirinha do ALUB (cursinho pré-vestibular) dizendo para eu me preparar para o vestibular da UnB. Eu nem acreditei! Então no 1º/2006 , fiquei me preparando para a prova do vestibular. Estudei tudo o que deveria ter estudado no Ensino Médio, e não estudei. Fiquei um semestre só pensando nessa prova. Graças a Deus deu tudo certo e no dia 17 de julho de 2006 eu vi o resultado pela internet e meu nome tava lá. Fique muito feliz principalmente porque os meus pais sempre estiveram do meu lado me apoiando, eles me acompanharam até os primeiros dias de aula na Faculdade. Meus pais não desgrudam de mim um minuto, até no dia de fazer a matrícula eles foram, sei que estavam muito orgulhos de mim eles agora tinham uma filha universitária, o esforço de meses valeu a pena. Depois que eu passei eles só sabiam dizer para todo mundo que tinham uma filha universitária que estuda na UnB e isso para eles era motivo de muito orgulho, pois meu pai parou no Ensino Médio e minha mãe no Curso Técnico de Enfermagem.
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Em todas as minhas férias escolares era tempo de aprender um pouco mais, algo que a escola não ensinaria nunca. Sempre ia para casa dos meus avôs maternos, em que aprendi muitas coisas pelo fato deles morarem em fazenda ou chácara. Tive uma educação bem caseira com eles, do campo mesmo, que até hoje lembro dos tempos de infância e adolescência quando reunia com meus primos para brincar de coisas simples que meu avô ensinava, andava à cavalo, pescava, dormia na rede, minha avó me ensinava a costurar, bordar, cozinhar, falava das plantas que curavam, do chá que aliviava dores etc. Não poderia deixar de dizer das estórias que ouvia da minha avó todas as vezes que ia para lá, era aquela roda de netos, a noite antes de dormir, querendo ouvir estórias emocionantes que ela criava e nos fazia imaginar outro mundo. Até hoje, quando vou lá, ela tem sempre algo para me ensinar.
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Parte do que aprendi e até hoje aprendo se deve pelo fato de estar na Casa de Deus desde os meus 8 anos de idade. Sou cristã e não há nada que eu ame mais que o meu Jesus. Na igreja tive a oportunidade de aprender sobre valores, comunhão, amor, compreensão, desafios e tantas outras coisas que no meio de pessoas que têm a mesma fé, me ensinaram. Sou muito feliz por ter Jesus como meu único Senhor e Salvador, n’Ele eu coloco toda a minha vida, meus projetos e os meus sonhos, é Ele quem mais me ajuda. Dia-a-dia aprendo com a Palavra de Deus e com a vida cristã que tenho, na igreja e principalmente fora dela.
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Se for analisar a minha história de vida de acordo com as quatro concepções históricas vejo que não tem nada de Positivista, pois se tem algo que vai contra a minha história é o determinismo e a causalidade, não é porque meus pais não tiveram condições de serem graduados que eu não poderei ser, mesmo porque de acordo com o positivismo a história é feita por grandes fatos e grandes nomes, o individuo comum não participa do processo histórico e isso vai contra minha história de vida. Identifico-me muito com a História Nova, em que a história não está pronta (objetividade), mas sim que há um processo de objetivação – Relativismo Cultural, bem como nessa concepção também há uma construção da história de várias formas, uma diversidade cultural, observo ainda nesta concepção que a nova história não é simplesmente estudada ou admirável por ser nova, nem a velha desprezível por ser velha.
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Finalizo esta autobiografia com uma frase que aprendi com Fernando Pessoa: “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

Um comentário:

Daniel Sousa disse...

Essa história toda eu não conhecia, realmente é um milagre de Deus. Principalmente vc passar na UNB, sendo que vc apenas cutia no ensino médio
rs rsr sr
bjos
abraços priminha
te amo de coração